Saiba como são os Training Camps e suas mais variadas propostas que vão desde treinamento pesado até como oportunidade de turistar de uma forma mais saudável.
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos. (Fernando Pessoa)
É muito comum você ouvir que a equipe profissional de ciclismo fez um Training Camp, mas, você sabe pra que servem os Training Camps?
Training Camp nada mais é que uma viagem organizada para que ciclistas se reúnam com objetivos específicos, seja de interagir para a próxima temporada, ou treinar para os próximos objetivos. Equipes Profissionais de Ciclismo fazem seus Training Camps antes do inicio da temporada de competições, porque muitos ciclistas não são da mesma nacionalidade e então, precisam se reunir para se conhecerem, conviverem e treinarem juntos, já que passarão longos períodos juntos no decorrer da temporada.
Grupos de ciclismo e assessorias também promovem Training Camps para reunir seus associados / alunos em viagens que combinam treino com turismo, que na minha opinião é muito legal. Afinal, não consigo imaginar você preparando uma viagem internacional, que custa muito dinheiro e não conseguir desfrutar do turismo da região escolhida. Outra possibilidade também, é fazer Training Camps para preparação para uma prova em específico, onde os treinos são muito parecidos com o que o ciclista vai enfrentar na prova que escolheu.
Portanto, um Training Camp pode ser muito abrangente e inclusivo. Existem vários tipos, com vários propósitos e basta você escolher o seu e se encaixar em algum.
Descrevo abaixo os Training Camps que fizemos para Portugal e Itália para você ter certeza que é muito possível combinar treino com exploração da região visitada.
Portugal – Alentejo (Setembro/2019)
Aqui, a ideia foi combinar um Training Camp após a prova do GFNY-Cascais. Então, faríamos a prova e logo após partiríamos para um TC de 3 dias na região do Alentejo. Como a prova não aconteceu, aumentamos o TC para 5 dias. Fizemos 2 treinos saindo de Cascais (sábado e domingo). No sábado, fizemos um treino longo de 120km onde passamos por várias cidades e pontos turísticos como, a Praia o Guincho, Cabo da Roca e seguimos para Sintra, Mapfra e voltamos por Penedo. Lugares singulares, cheios de história. Voltando dos treinos (sempre pela manhã), saíamos para desbravar a cidade de Cascais, com seu centro lindo, vários restaurantes e muita comida boa.
O segundo dia, também treinamos, mas, foi um dia de um treino mais curto pois tínhamos que arrumar as malas para partir em direção ao Alentejo. Então, fizemos 50km pelas redondezas e voltamos para arrumar as malas e partir para Évora, que fica há 2 horas de Cascais, Uma cidade histórica, muito visitada pelos turistas, cheio de castelos e ruínas romanas e medievais e também onde tem umas das Universidades mais importantes de Portugal.
Lá, ficamos 2 noites. Nosso primeiro pedal foi a Volta de Évora, um percurso bem bucólico, com muitas árvores de Cortiça pelo caminho, ovelhas e estrava vicinal sem carros. Fizemos cerca de 70km, onde passamos pelas cidades de Arraiolos, Igrejinha e finalizamos com a visitação na vinícola Cartuxa, muito conhecida pelo seu vinho Pera Manca. A tarde, passeamos pela cidade e conhecemos seus pontos turísticos como a Igreja dos Ossos, a Catedral da Sé, Templo de Diana, entre outros.
No dia seguinte, já com as malas prontas novamente, fizemos de bike o percurso para o nosso próximo hotel em Monforte, o Torre de Palma. A Van levou nossas bagagens e partimos de bike para percorrer os 110km de distância entre Évora e Monforte, numa estrada linda, tranquila e com paisagens únicas. No caminho passamos por uma cidade muito linda chamada “Estremoz”. Paramos num café e comemos um sanduiche super tradicional com manteiga de cabra, uma iguaria deliciosa.
Chegamos no Hotel Torre de Palma após os 110km, almoçamos, nos acomodamos em nossos quartos e no fim da tarde fomos participar da tradicional Pisa da uva, dentro do hotel mesmo que tem uma vinícola, além de pisarmos nas uvas, ainda tivemos a oportunidade de experimentar um pouco da casca branca da uva já fermentada e quase tornando-se um vinho.
Nosso quinto e último dia de pedal foi para conhecer a região de Monforte e as cidades ao redor como Portalegre e Arronches . Uma cidade mais linda que a outra e para onde olhávamos, éramos surpreendidos com uma ruína ou um Castelo. Este dia foram 90km de treino e depois, paramos na cidade de Arronches, onde tivemos uma surpresa muito agradável: Um picnic chique com o almoço preparado por um chef de cozinha. Comemos, foi delicioso e depois, voltamos pedalando por mais 25km (pedalando) até o Hotel.
A noite, tivemos a noite do chef onde pudemos experimentar o menu de um chef muito conhecido em Portugal, para celebrar os dias maravilhosos que passamos.
Love Italy – Região da Emilia Romagna
Saindo de Lisboa, peguei um vôo para Bologna (3 horas de vôo) e depois, mais 2h de Shuttle até Rimini para iniciar o meu próximo TC. De Rimini, percorri mais uns 30 minutos até Gabicce Mare. Lá começou o TC.
Gabicce Mare é uma cidade praiana na Italia que fica no alto e tem um visual maravilhoso do Mar Adriático. Apesar de ter ficado pouco tempo na cidade (menos de 1 dia), não foi difícil conhecer a cidade toda, pois, ela é bem pequena. Nosso primeiro dia da pedal foi de Gabicce Mare para Ca’ Virginia, cerca 50km de distância. Antes, andamos pela Via Panorâmica, uma estrada de aproximadamente 20km, que corta toda cidade e nos mostra um visual incrível “panorâmico” do mar Adriático.
Saímos da praia para o Campo e chegamos num Hotel Fazenda muito charmoso do querido ciclista Giacomo e família. Fomos recebidos com comida (claro) e muita simpatia. Como o Hotel Fazenda é no meio do nada, não saímos para conhecer a cidade (pois não havia uma hahaha), mas, a paisagem que nos foi apresentada durante a estadia neste hotel, nos preencheu.
Neste hotel ficamos 2 noites. No dia seguinte, fizemos um pedal de 50km novamente, mas, passando por estradas vicinais maravilhosas, vazias, com algumas subidas e algumas cidades pequenas e lindas. Fomos surpreendidos com um lago no Passo del Furlo que é o único Passo na Italia que não é uma montanha, então, formam-se Canions para passar entre a montanha. Um espetáculo! Chegamos na cidade de Acqualagna após algumas horas e já partimos pra degustação de Tartufos (trufas). Almoçamos e fomos entender como funciona a colheita dos tartufos que são feios por cachorros. Sensacional.
Voltamos para o Hotel de Van e nos preparamos para o próximo dia, onde trocamos de hotel mais uma vez. Nosso terceiro dia de pedal foi saindo do Hotel Fazendo em direção a San marino. Um percurso mais montanhoso, mas, todo sofrimento foi recompensado com as paisagens que avistamos pelo caminho. Tivemos ainda a oportunidade de fazer o percurso do Contrarrelogio do Giro d’ Italia 2019, que saiu de Rimini até San Marino. Chegando em San Marino, soubemos ainda de uma feira de Bike que estava acontecendo em Rimini. Fomos até lá conhecer. Ficamos horas andando na feira, deslumbrados com tanta coisa legal e novidades para 2020.
Nosso último dia de treino foi também muito especial. Passamos por cidades como San Leo, VillaGrande, Verucchio e todas singulares com seus castelos imponentes e magníficos. Foram mais algumas horas em cima da bike até retornar para San Marino que é uma cidade única. Super badalada pelos turistas, cheia de lojas de bolsas de couro, perfumes e jóias, além de concentrar uma quantidade imensa de fãs do Valentino Rossi, que só então soube que é uma lenda para os italianos. Ele é seguido por muitos onde quer que vá. Encontramos até alguns com o 46 tatuado no braço (número do Valentino Rossi no MotoGP).
Tiramos o dia para desbravar a cidade e suas 3 Torres. Soube que San Marino é uma república, ou seja, um país independente da Italia (assim como o Vaticano), porém, é a menor república do mundo. Depois, fomos presentados com um por do sol inesquecível, sem igual.
Pedalamos muito, comemos muito, conhecemos muitos lugares e nos divertimos demais! Aí você pode perguntar: mas, quem não tem muita experiência com bike, também consegue fazer? Claro que você precisa procurar entender um pouco do percurso, distância e altimetria e entender se é possível fazer, mas, hoje em dia vejo muitos ciclistas que não gostam de competir se preparando para fazer um Training Camp ao invés de uma prova.
Portanto, se você quer fazer uma viagem que combina treino com turismo, é super viável, basta voltar seus objetivos de treino para isso.
Dá pra pedalar muito, divertir muito, turistar muito nesse mundão. E você, qual será seu próximo Training Camp ?
Bons Treinos!!!
Gisele Gasparotto
Fundadora da LuluFive e Ciclista do Time: LuluFive Team
TC de Portugal: Organização H3R Viagens (www.h3rviagens.com.br | @h3rviagens )
TC da Italia (love Itay) : Organização Italy Bike Tour (www.italybiketour.com.br | @italybiketourciclismo )
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Muiitooo joia!!
Parabéns!!
Amei tudo!!!